domingo, 30 de dezembro de 2007

Incertezas em mim...


É nos momentos que mais preciso de ti que silencio os meus passos, que calo as minhas palavras… que faço da minha presença ausência. Afasto-me e afasto-te… é nos momentos que mais preciso de ti que as minhas palavras percorrem o percurso mais obscuro para até ti chegarem… assim, tenho a certeza que cairão num fosso sem fundo… que não chegarão até ti… profiro-as num leve murmurar, com o propósito se alguma conseguir até ti chegar, que seja apenas uma leve brisa…
É nos momentos que mais preciso de ti, que as incertezas, o desacreditar de tudo que me mostraste como certeza… acontece em mim…
É nos momentos que mais preciso de ti que as dúvidas se soltam… que se entranham em todos os meus espaços… que assumem a tua forma…
Chegará o dia, que os meus passos se tornarão ruidosos… que as minhas palavras se tornarão audíveis… que sentirás a minha presença… o dia em que me aproximarei de ti… as minhas incertezas irás conhece-las e as dúvidas terei a audácia de as nomear uma por uma… não me preocuparei com o amanhã… pois tenho a esperança que quando o meu precisar de ti te for revelado as minhas dúvidas se dissolverão… e nesse amanhã se precisar de ti? Apenas tu deterás a resposta.
Jane

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Silêncio...


Tenho as palavras silenciadas na minha boca, essas mesmas palavras que me rasgam por dentro e que ficam por dizer. Tenho na garganta as palavras de arestas vincadas que me ferem e me fazem sangrar.
Tenho na boca as palavras contaminadas, os receios e as incertezas que se condensam numa despedida anunciada. Tenho na garganta as palavras desavindas e os rostos escondidos num emaranhado de nós cegos e de cadeados. Tenho-me preso no som surdo das palavras que não consigo proferir. Tenho as palavras amarradas ao espectro do meu olhar sobre o que ainda não abandonei.
Tenho as palavras presas a ti que pontuaste a minha vida com presenças e partilha. Tenho as palavras comprimidas num silêncio a pedras erigido. Conseguirás cortar os nós antes que a minha despedida se consume? É tão breve o meu adeus...
Walter

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Em branco...

Encontro-me perante uma tela vazia… Uma tela que espera que a preencha com algo que me pertença…
Ainda hesitante pego no pincel, esfrego-o na palete das cores e inclino-me para começar a dar cor à tela! Seria tão mais fácil se houvesse algo em mim… Algo que me fizesse recordar todos os momentos que me fizeram esquecer a injustiça que nos envolve… Não consigo! Tu, na tua escuridão inerente, a escuridão que escondes debaixo da máscara que usas todos os dias… A máscara que empregas para enganar todos os que atravessam o teu caminho… Aquela máscara que agora conheço tão bem, mas que um dia também a mim me atraiçoou… sobrepões-te a todos eles! Inclino o pincel para o preto, esfrego-o na tinta e, de seguida, abro a mão deixando cair o pincel e a palete das cores… Não mereces que destrua uma tela por ti…
Mudei a concepção relativamente ao que me tinha levado a pintar, já não se prende com algo meu… A tela está preenchida com aquilo que tu me deste durante todo o tempo em que fui um boneco na tua estante… Na tela está reflectido o que pretendo que continues a ser para mim… A tela está em branco!
Draco

O Intenso...


Chamaste-me para junto de ti e entre o silêncio dos nossos beijos, olhaste-me nos olhos e nesse teu olhar imenso sussurraste que para ti o meu nome era intenso. O intenso, disseste tu com a certeza dos cálices partilhados e com a ilusão do amanhã.
Encostaste a tua cabeça no meu peito e entre lençóis e incensos adormeceste com o meu nome nos teus lábios. Intenso, chamaste-me tu, acrescentando que esse seria o nosso segredo, o nosso lugar indivisível, porque apenas tu e eu o conhecíamos.
Intenso nos beijos, nos sorrisos e nas lágrimas. Intenso no modo como te conduzia até mim, como te inebriava em melodias e te beijava cada uma das tuas palavras e dos teus silêncios. Intenso como a chuva do Inverno.Intenso nos momentos que recriava e que te fazia sentir tal como eu. Intenso como as chamas que alimentava, apenas isso intenso.
Adormeceste no meu peito sem medo de te queimares na intensidade das minhas chamas. Estendeste a tua mão ao fogo com que te envolvi e caminhaste com os pés nus sobre a incandescência da minha intensidade que apenas a mim me queimava. Intenso, assim tu me chamaste antes de cerrares os olhos e adormeceres ao meu lado.
Walter

Rastos...


Sigo os teus rastos, na esperança de te alcançar… sei que não os disfarças… deixa-los bem à vista… nos locais que nem preciso de procurar… sabes que vou ao teu encontro… são tão óbvios os teus sinais… aqueles que deixas espalhados à tua passagem… a tua presença fica gravada em cada local que passas, que tocas … até o teu perfume fazes com que permaneça… mesmo nos dias de tempestade, tudo à volta pode desaparecer, menos os teus sinais… nesses dias fazes questão de os deixares mais vincados, mais evidentes… para quando a tempestade passar eu possa prosseguir as minhas tentativas… serão esses sinais, que impões que permaneçam, que gravas não só nos objectos mas também e, principalmente, em mim… para que no dia em que me volte a perder relembre os dias de tempestade… pretendes deixar bem patente as minhas tentativas falhadas de te alcançar… Deixas-me exposta nos momentos em que mais preciso de ti… porque não me deixas virar uma errante e perder o rasto de ti?

Passada a tempestade, os teus rastos e marcas, esses apenas ficam gravados nos objectos e sítios por que passas… em mim tens o cuidado de não o fazer… mas deixas claro que queres que te alcance… que continue a minha procura… conheces-me bem demais… sabes que não te sei dizer não… tens por certo que prosseguirei a minha busca até ti… que esperarei até ao dia em que finalmente te sentirás seguro da minha presença junto a ti… e deixes de precisar de espalhar rastos e sinais para chegar a ti… mas tens receios maiores que os meus… por enquanto vais deixando rastos de ti… apenas rastos…

Conheço o teu último destino… perguntas porque não te espero lá? Se por uma única vez que fosse, em vez de mais um rasto teu permitisses que eu te encontrasse a ti… responder-te-ia: não sei até quando irás permitir que siga os teus rastos… para quê esperar-te no destino final… que há muito conheço… se no avançar do teu trilho não te permites deixar nada teu gravado em mim? Receias tanto a viagem a dois?! Poderá chegar o dia em que me prefira tornar numa errante… mas por enquanto vou continuar a seguir os teus rastos…


Jane

sábado, 22 de dezembro de 2007

Dominó


Tento esconder a face negra do meu desespero e eis-me aqui à tua mercê! Escondo-me de todos os olhares e até do teu o faço. De todos os olhares, escondo-me do teu, apenas o teu que me rasga a pele e me faz tropeçar nos arredondamentos dos nossos momentos. Visto-me de disfarces e faço por evitar que se perceba o que se realmente se está a suceder… Pergunto-me se o consigo esconder? Vejo-me alvejado pelo silêncio que me devolve a minha pergunta numa retórica anunciada.

O meu olhar é feito de transparências, enquanto o teu sempre foi tão opaco como se de uma boneca de porcelana se tratasse! Vazio de sinceridade, assim foi o teu olhar. De repente vejo-me perdido no meu próprio jogo, onde tu manipulas as peças que me pertencem, onde todas as peças são pedaços meus, meros resquícios do que fomos… Examinas cada uma delas procurando as pequenas falhas que possuem, acaricias os rebordos das peças e lentamente denuncias mais uma das minhas imperfeições… Tu sempre foste pródiga em contemplar e apontar os defeitos dos outros, os teus estrategicamente escaparam à malha apertada do teu escrutínio.

Aos poucos vais colocando cada parte de mim sobre a mesa… Uma a uma, coloca-las em fila, afinal as peças estão todas do teu lado e tu acabaste de subverter as regras. Uma vez mais... Malevolamente soltas uma gargalhada de arestas cortantes! Sinto-me dissociado de mim mesmo, sem capacidade de tomar as rédeas do jogo, de te voltar a desafiar, mas recuso-me a ceder à tua supremacia... Viras as minhas palavras do avesso como se me pudesses ler por dentro, fazes um arco com os dedos indicador e polegar e enquanto me olhas nos olhos com esse teu sorriso de desafio, estendes o dedo indicador, roças levemente a primeira peça do teu jogo para depois a empurrares com força, a primeira peça que me pertence…A primeira de tantas que possuis… Caio peça por peça. Caio uma vez mais.

Draco e Walter

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Aprisionado...


Aprisionas-me no teu corpo e nas horas tão desiguais que por nós passam para que não possa fugir. Eu que um dia te escorri entre os dedos hoje vejo-me enclausurado na tua clepsidra dourada que vais virando ao sabor da tua vontade. Prendes-me para que te pertença.
Adormeces os meus sentidos, escutas as minhas conversas, espias os meus passos, vendas o meu olhar e fazes promessas vãs de libertação. Inundas-me com a permanência da tua presença mesmo que dissimulada com breves interlúdios de sossego. Ainda não sabes, mas tenho escondido as minhas asas sempre que te aproximas, sempre que me envenenas com o teu olhar pérfido. Escondo-as de ti para que não arranques cada uma das penas com o sentimento de posse que tens sobre mim. Fiz de cada ferida que me provocaste e de cada aproximação tua uma pena e disfarcei-as de sorrisos.
Um dia quando te despir outra vez, vou adormecer-te na corrosão das palavras doces que queres ouvir e roubar-te as chaves deste cadeado com que me presenteaste e vou seguir na nudez da tua presença em mim. Quando acordares… deixo-te uma pena minha para que simbolize a minha vitória sobre ti. Para que te recordes do gosto amargo da tua derrota. Parto sem sentir pena de ti.

Walter

Tintas…

Negro… tudo é a negro… o branco também tem lugar nesta minha paleta de mistura das cores… mas o preto absorve todo o espaço por onde o branco parece querer aparecer …. Negro, é tudo o que vejo… mas parece-me tudo tão novo… mas sei que o preto tem sido a cor que os meus pincéis têm utilizado… e pelas manchas negras de tinta seca espalhadas pela roupa e pela pele… parece que não houve espaço para outras cores…
Não consigo lembrar de como era antes do negro… terá havido algum dia cor para além dos tons de preto e branco… porque não consigo recordar? No entanto, sei que junto à minha paleta de mistura das tintas parecem existir outras cores… mas para que servirão? Algum dia lhes terei dado uso? Sei os seus nomes… sei identificar os seus tons… mas de que me serve conhece-las? Isso não me chega… preciso de saber como se conjugam para começar a ver a outros tons... e… não sei como começar a aplicá-las…

Jane

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Ausência...



Entre quatro paredes, fechado… a escuridão invade-me e paralelamente o medo apodera-se de mim! Envolves-me nesse teu manto negro carregado com as minhas inseguranças, receios e dúvidas … Sucessivamente todas as associações que me surgem, seguem apenas uma direcção… Tanto tempo que esperei, tanto que reprimi, tanto que gritei, tanto… tanto… e tão pouco consegui! Sinto-me fraquejar… algo me chama para o que se manteve velado… Sinto-me a caminhar na direcção oposta a ti… em direcção à ausência… de ti! Pergunto-me… de que valeu todo este esforço?! Faço-o na esperança que, contrariamente ao que tem vindo a acontecer, alguém me ouça, alguém me responda… simplesmente alguém… É no silêncio ensurdecedor que se segue, que olho em redor e nada vejo… Sinto-me num mundo em que a luz não chega… onde apenas me resta a lembrança dos últimos dias… dias em que te vi, te acariciei, te beijei, mas que contudo, não existiram! Pura fantasia… Encontro-me sozinho, fechado entre as quatro paredes que um dia foram liberdade, as mesmas que hoje me tornam um prisioneiro… de mim próprio!


Draco e Jane

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Nas minhas mãos...


Nas minhas mãos corre um rio de emoções maceradas, cujas margens se diluem para além de mim. Essa torrente de lava incandescente que transforma as pedras em seixos rolados e corre descompassadamente. Incontrolavelmente.
Nas minhas mãos existem paredes tatuadas com telas impressionistas da convergência da tua presença em mim, com o cubismo dos meus modos contaminados de te sentir e com o expressionismo das minhas recusas.
Nas minhas mãos existem janelas para ruas paralelas aos teus caminhos, cujas vidraças estão embaciadas pelo tempo. Nas minhas mãos existem poucas portas abertas de par em par e muitas portas trancadas à chave. Sempre achei que fechar ao trinco era pouco seguro.
Nas minhas mãos existem alamedas de despedidas e retratos a sépia. Nas minhas mãos há marcas escondidas e cicatrizes profundas. Nas minhas mãos ainda existes tu. Nunca deixei de te guardar nas minhas mãos.

Walter

Presença...


São tantos os momentos que partilhámos… tantas as conquistas que aos poucos fui alcançando, tantos os pequenos passos que fui dando com o teu auxílio… Recordo esses momentos como se fosse hoje… o entusiasmo pelos meus primeiros passos; o segurar das tuas mãos quando sabia que queria seguir em frente; o incentivo para percorrer mais um pouco do caminho que me esperava; o sorriso espontâneo que surgia, mesmo depois de ter cometido algum erro; entre tantos outros…
E aos poucos vejo-me a dar passos maiores, mais largos, mas nem por isso menos seguros… Não te tenho fisicamente, eu sei disso, nem tão pouco ouço a tua voz… mas estás presente, sei que estás comigo… Sinto-o… Cada passo que dou, cada caminho que percorro, cada conquista que alcanço, continuam a ser partilhados contigo, ainda que de modo diferente… Haverá outra maneira?
Hoje… Olho-me ao espelho… Percebo porque estás comigo! Por instantes vejo reflectido um bloco de cimento… As tuas pegadas estão lá gravadas, todos os passos que deste em mim estão marcados… A força que me dás está retratada em mim… Conservo-te!


Draco

Até quando?


Não percebo… consigo alcançar o teu olhar… O teu olhar é tão teu… tão meu… Através dele consigo ver-te… ficas tão mais transparente… tão mais vulnerável… mas não percebo… para além do teu olhar… parece que existe um outro mundo… o das palavras… mas não o daquelas que vejo no teu olhar… essas não são proferidas… nunca me as dirigiste… as palavras que me diriges são banais… mas o olhar… esse não... poderia perceber… mas não… porque o que vejo nele nunca o ouvi… nunca mo dirigiste… o silêncio… tão reconfortante… esse também existe… também nele te consigo alcançar… te ver… mas sabes, preciso de ouvir o que nele também está contido…

Para chegar a ti cada vez mais tenho de afastar os ténues véus que teimas em deixar espalhados… e nos quais também me sinto envolvida… é tão fácil chegar ao teu olhar… tão fácil ler-te… mas quando tento afastar um desses véus, tu recusas recorrer às palavras… e fazes questão de estear mais um véu entre nós... não percebo…

Até quando? Até quando continuarás a manter os véus entre nós? Até quando me irás manter no mundo do silêncio? Até quando?

Jane

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Escuridão...


A madeira que estala sob os meus passos, a dança das sombras projectadas na parede, o escuro que se veste de desconhecido. A parede fria tacteada nas madrugadas, o espreitar por detrás do ombro, o agoiro que esconjuro.

O caminho habitual que parece ter aumentado, o interruptor que não acende e me dilui na escuridão, a respiração entrecortada e o silêncio que se passeia pelo meu corpo e se condensa à minha frente.

A madeira que geme receios, as portadas de madeira que batem e cujos sons se entranham no meu corpo. O meu olhar que não se habitua ao escuro, a minha mão que trespassa o silêncio e procura o conforto de uma luz ainda que velada. A tua ausência assusta-me, mas a tua presença é ainda mais assustadora. O escuro que me assusta é o mesmo que te protege de mim e te impede de ver tudo aquilo que certamente te voltaria a afastar.

domingo, 16 de dezembro de 2007

Engano



Lembro-me da primeira vez que os nossos olhares se cruzaram, das primeiras palavras dirigidas e dos primeiros momentos partilhados… Momentos esses que fizeste questão de passar uma borracha por cima… Momentos que pensei terem sido vividos a dois, mas que hoje estou seguro que apenas foram sentidos por mim…
Engraçado como os mesmos momentos podem ser tão (in)significantes!

O tempo… cada vez estou mais convicto que não retracta intensidade… Tão pouco que significou para ti, tão pouca importância que deste a este nosso percurso em cada um de nós… Entrecruzámos as linhas que outrora se manifestavam tão ténues e que pensei, agora, poder classificá-las como bastante fortes. Estava enganado… Tão ingénuo que fui! Pensei que me completavas, que me puxavas se caísse… Hoje sei que serias a primeira a empurrar-me! Percepções de vida tão diferentes…
Draco

sábado, 15 de dezembro de 2007

Poderia ouvir-te toda a noite...


Poderia ouvir-te toda a noite, podia ouvir-te chamar por mim para sempre, assim reconfortar-me-ia na doce ilusão de que precisas de mim. Poderia continuar a fugir de ti apenas para escutar o teu apelo e saber que ainda me procuras. Poderia ouvir a tua voz nesse doce murmúrio só teu como uma melodia para ninguém ouvir. Apenas eu.

Poderia fingir que não te ouvia, que não conhecia o som surdo dos teus passos sobre os meus sonhos e seguir nesse caminho para sempre. Segui-lo e seguir-te num inseguro desperdício de certezas.

Poderia ouvir-te e guardar cada palavra tua no infinito secular dos tempos. Poderia ouvir-te e beber as tuas palavras, inebriar-me no seu sabor a sal e a mar e descobrir-me no rasto das palavras que nos aproximam.
Poderia ouvir-te toda a noite. Hoje como ontem, amanhã… e eternamente. Poderia ouvir-te sempre enquanto arderes em mim e eu em ti. Enquanto fores tu o fogo que corrompe a noite em volta, que incendeia os tempos e que faz renascer todas as horas.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Voas comigo?...

Acabei por seguir em frente, nesse caminho de passos já gastos por quem nunca por aqui passou. Libertei a imensidão que havia em mim e espraiei-me onde a distância se recriou em paisagens e procurei reconhecer-me em relevos de tudo o que um dia abandonei. Afinal, um dia eu fui assim. Eu também fui assim.Desconstroem-se os conceitos à minha volta, vejo-me rodeado desta indefinição que um dia foi inocência e dou por mim nas escadas do tempo em busca de mais. Mais alto, mais longe, mais além. Como se o tempo se convertesse em regressos e me trouxesse para os meus braços. Subo estes degraus que um dia foram sentimentos, imagens e fonéticas e permaneci onde o tempo toma a cor das horas que foram esventradas de sentidos.Porque segui os degraus desta espiral sem olhar para trás. Segui imune a cansaços e derrotas antecipadas e abri as portas de par em par. Transformei a minha busca em passos e aproximei-me do limite do espaço, convoquei a transcendência de Ícaro e dei asas à vontade que de mim transborda. Abri os braços e vendei o olhar. Voas comigo?
Walter (in Cinza das Horas -http://waltergarcia.blogspot.com/)

Labirinto



Preso no meu próprio labirinto...um labirinto que eu mesmo criei, mas que desconheço por completo! Percorri-o tantas e tantas vezes e mesmo assim não encontrei o fim. Perco-me...sozinho, desamparado...até que te vejo! Percebo então que todos nós percorremos um labirinto e que vamos tendo pontos de contacto... Percebo também que preciso de ti para conseguir alcançar as pequenas conquistas que vou propondo a mim próprio, mesmo sabendo que tudo o que me rodeia é desconhecido!


Porém... Paralelamente percebo que não pretendo descobrir a porta de saída, não para já!

Draco

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

À espera…



Ela espera há muito por algo novo…
Espera sempre poder estar a viver o que ainda não viveu…
Espera poder ouvir o que ainda não ouviu…
Espera poder saber que pode sentir o que há muito sabe sentir…

E essa espera, por vezes, torna-se enigmática…
Por vezes, assume as cores do arco-íris… mas logo o céu se torna cerrado e tudo volta a cobrir-se a preto e branco…
Tudo se torna incerto…
Mas toda a sua vida foi uma constante de incertezas…

Até quando conseguirá viver nessa ambivalência?
Poderá, um dia, conseguir traduzir por palavras o que há muito o seu olhar já diz?

Poderá, um dia, o medo deixar de assumir o espaço da sua espera?
Poderá este, um dia, conseguir deixar dar a conhecer o seu mundo?

A entrada para ele há muito que está à vista…

Jane


...

Caminho… e ao fazê-lo olho a vida de outro modo… Cego? Talvez!
Permito-te a abertura da porta do meu coração, queres entrar nele e tomar o meu destino…
Pior que tudo… Consegue-lo!
Neste momento está tudo nas tuas mãos, a minha vida depende de ti, os meus segredos estão em ti, e o meu amor é para ti…

Volto a olhar… fito os teus olhos e só então percebo! Estás mais fria, mais distante, mas insinuante… Não para mim!
Procuras alguém, um alguém que não eu…
Paro, penso, partilho, mas tal como tu, não contigo…
Também eu me distanciei, me tornei mais frio… Algo que aprendi contigo!

E nestes (des)encontros entendo que outras pessoas preencheram um lugar que outrora te pertenceu… Não pertence mais!


Draco

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Aos meus colegas de estágio…

Tanta coisa poderia dizer… Tantos momentos que partilhamos juntos… risadas, alegrias, preocupações, tristezas, lágrimas!
Que é feito daquela insegurança que nos movia? Da vergonha que nos assombrava? Do espaço partilhado, mas que apenas dizia respeito a cada um de nós em particular? Dos olhares que trocávamos? Esvaíram-se…

O que temos agora? Ou o que lutámos por ter?

Sem dúvida uma amizade infindável; um sentimento de partilha cada vez maior; um espaço físico pequeno, é certo, mas que nos preenche e que nos pertence enquanto NÓS e já não como EU; cooperação, compreensão e cumplicidade desmedidas; olhares silenciosos e directos que dizem tudo…
Todos nós a lutar pelo mesmo objectivo, mas mesmo assim sem atropelos. Unimos as nossas forças! Assim sim… chegaremos lá, não tenho dúvidas! E acredito que vocês também não…

Quem diria, há um tempo atrás, que as coisas se iam processar desta forma? Ninguém… nenhum de nós! Não nos conhecíamos assim tão bem para o afirmar… Mas sabem que mais? Não me arrependo de nada que tenha feito: ter-me dado a conhecer a pessoas excepcionais como vocês, ter partilhado experiências (boas e menos boas) e tanto mais…
Chega a minha vez de dizer agora que PRECISO DE VOCÊS e que dão muito sentido à minha vida… e que sem vocês, de certo, não seria quem sou hoje, como sou/estou hoje!

Obrigado por tudo!

P.S. Achei esta uma boa forma de vos dizer o quanto são importantes para mim, cada um à sua maneira, mas ambos fundamentais!

Draco

domingo, 9 de dezembro de 2007

Estamos contigo!


Não percebo o que dizes...
Sozinho tento compreender
As tuas palavras, a tua expressividade!

Os teus sonhos não são em vão
Acredita neles, segue-os!
Queres melhor bússola?
Que te dizem eles?
"Se ficares onde estás, não encontrarás o que procuras!"
Será?

Segue em frente!
Usa a tua força para compores o que está mal
És capaz de o fazer.. Acredito que sim!
O medo é um sentimento pujante, não há dúvida..
É ele que te deixa ambíguo
Mas também é ele que te faz mover..
Pisa o desconhecido...
Haverá maior poder que a força da palavra força?

sábado, 8 de dezembro de 2007

The beginning...


I used to think that I could not go on
And life was nothing but an awful song
But now I know the meaning of true love
I'm leaning on the everlasting arms
If I can see it, then I can do it
If I just believe it, there's nothing to it
I believe I can fly
I believe I can touch the sky
I think about it every night and day
Spread my wings and fly away
I believe I can soar
I see me running through that open door
I believe I can fly
Sometimes silence can seem so loud
There are miracles in life I must achieve
But first I know it starts inside of me,
If I can see it, then I can be it


O início de uma viagem...
Um início que nos faz acreditar que somos capazes, que vamos voar e que não tememos a queda! Sabemos que mesmo que percamos as asas por um momento, não estaremos sós...
Há sempre alguém... Alguém que está e estará presente... Alguém que com as suas asas nos ajudará a voltar a voar...
E porque um gesto, uma expressão, uma presença pode significar muito mais do que simples palavras, vê, ouve, sente e sobretudo acredita!
VOAS CONNOSCO?