A madeira que estala sob os meus passos, a dança das sombras projectadas na parede, o escuro que se veste de desconhecido. A parede fria tacteada nas madrugadas, o espreitar por detrás do ombro, o agoiro que esconjuro.
O caminho habitual que parece ter aumentado, o interruptor que não acende e me dilui na escuridão, a respiração entrecortada e o silêncio que se passeia pelo meu corpo e se condensa à minha frente.
A madeira que geme receios, as portadas de madeira que batem e cujos sons se entranham no meu corpo. O meu olhar que não se habitua ao escuro, a minha mão que trespassa o silêncio e procura o conforto de uma luz ainda que velada. A tua ausência assusta-me, mas a tua presença é ainda mais assustadora. O escuro que me assusta é o mesmo que te protege de mim e te impede de ver tudo aquilo que certamente te voltaria a afastar.
3 comentários:
Chegou a minha vez de te agradecer o facto de teres aceite o convite para escrever no blog "voas comigo?"...estranha sintonia, mas o mais incrível é que quando publicaste este post, estava exactamente a escrever um sobre a escuridão... Ainda assim, prefiro o teu!
Deixa que este teu dom se apodere de ti e escreve, porque consegues de um modo próprio (re)criar... cada um de nós consegue identificar-se sempre com alguma coisa presente nos teus textos e é isso que permite que tenhamos interpretações diferentes...
Draco
Passing by just to say ...
"It's better to light a candle then to curse the darkness" ...
eh eh eh ... quer a escuridão quer a luz do dia têm o seu lado mágico!
jokinhas
Sentimos sempre receio de dar a conheçer o lado de nós próprios que tentamos esconder...mas será que esse lado, que permanece na escuridão, poderá mesmo afastar a outra pessoa? Será que damos a conhecer apenas o que queremos? Não poderá o outro compreender o que permanece no escuro?
Tantas (in)certezas...
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