sábado, 14 de junho de 2008

Memórias Inventadas...


Sentada no banco do jardim inventava memórias de momentos a dois, recriando-as em todas as palavras, juntando-lhe aromas e sonoridades. E se hoje são de café e do bater das chuvas nas vidraças, amanhã jurará a pés juntos que são certamente de orquídeas e de violinos.
Recorda todos os lugares que não visitou, recorda o por-de-sol em Viena que, segundo ela, se assemelha tanto ao que vê da sua janela. Assegura que os jardins de Paris são eternos e que os candeeiros nas ruas se acendem e apagam consoante a sua vontade. Diz ela a quem passa que ainda reconhece o som dos passos dele na calçada, um a um como se de uma sonata de encontros se tratasse.
Sentada no banco do jardim ela recorda-se dele, de todos os seus rostos e do modo como ele a embriagava em promessas futuras. Recorda o tempos dos afectos que apenas existem encerrados em si enquanto este dia durar, porque as suas memórias são apenas fugazes. Sentada no banco de jardim inventa memórias e ninguém a quer ouvir. Ninguém quer ouvir a insana e pactuar com a sua loucura. Sentada nesse mesmo banco de jardim inventa memórias de tempos idos, inventa sentimentos correspondidos e é feliz.

Walter

7 comentários:

nat. disse...

Às vezes faz bem ter memórias dessas... desde que não se esqueça da realidade... e das verdadeiras memórias...

Gostei de ler...

Amor amor disse...

Quando não somos correspondidos, viramos mesmo loucos incompreendidos, porque buscamos maneiras alternativas de alcançar a felicidade. Somos considerados loucos, justamente porque nossas maneiras alternativas são invisíveis, e moram apenas na doce terra da imaginação, que vaga incerta por trás de nossos olhos...

Beijos doces cristalizados, Walter!!! :o*

Patrícia disse...

Mais um magnifico post.
Por mais repetitivo que possa parecer digo novamente que escreves muito bem .

( que mais posso dizer ? )
=)

A. Jorge Oliveira disse...

Quantos de nós não teremos sido embriagados com promessas? E quantos outros já não teremos embriagado? Estamos todos juntos nesta bebedeira... Ou na ressaca da mesma. Apreciei a expressão. Só agora conheci este teu novo espaço. Ainda bem que pudeste comentar. Permitiu-me chegar até aqui. É um prazer tornar a ler-te Walter. Obrigado. Também eu te saúdo pela visita, pelos comentários e pelos textos. Acima de tudo pelo "reencontro". É sempre um prazer.

Um abraço.

Andreia disse...

no fundo tem saudades do passado, mas também futuro, como diz a música... :) Tão bonito! Beijinho.

quanto pesa o vento? disse...

lindissimo...
"Sentada no banco do jardim ela recorda-se dele, de todos os seus rostos e do modo como ele a embriagava em promessas futuras. Recorda o tempos dos afectos que apenas existem encerrados em si enquanto este dia durar, porque as suas memórias são apenas fugazes"

adorei os teus textos.
parabéns.

quanto pesa o vento? disse...

olá walter!

adoro voar por aqui pois encontro-me nas tuas palavras.

abraço.