quarta-feira, 12 de março de 2008

Baloiço...


Eu corria e tu corrias atrás de mim. Eu pisava as folhas caídas e os teus chamamentos enquanto corria desenfreadamente e tu, tu seguias sempre no meu encalço, jamais foste capaz de seguir sozinho. Jamais caminhaste por um caminho só teu.
Sentei-me no baloiço e deixei-me embalar, numa dança que me afastava e logo me trazia para ti. Tu empurravas-me e pedias que parasse de baloiçar porque podia ser perigoso. Insistias para que saísse e eu sorria fingindo que não te ouvia. Pedia-te que empurrasses com mais força porque eu sempre quis muito mais do que isto. Começou a chover e apenas eu fiquei junto do baloiço.
Baloicei neste movimento, a metafóra de mais uma relação. Só então percebi. Para ti era sempre rápido demais. Contigo não saía do mesmo lugar, balançando entre a tua resignação confortável e a minha estagnação sufocante. Contigo era sempre seguro demais.

Walter

4 comentários:

Andreia disse...

Também não gosto de coisas seguras, rotineiras. E sim, gosto de baloiços!
Bj :)

Maria Laura disse...

E, por vezes, é preferível correr riscos. Absolutamente.

Amor amor disse...

Um relacionamento em que tudo é estagnado, realmente não dá certo...

Beijocas doces e muitas pétalas de cristal!!! :o*

Anónimo disse...

A rotina...quase ninguém gosta de rotinas...porque só as vêem de maus hábitos ou despegadas de sentir...

No entanto...dizer por gestos que se ama a cada dia, faz da rotina uma perpetuação de riscos...

Gosto deste espaço, parabéns.