sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Tatuagem...


Tatuámos juntos a passagem do tempo e o acerto dos nossos corpos. Lembras-te?
Sempre preferiste que a minha tatuagem fosse maior do que a tua. Que eu tatuasse o teu nome, como sinal de pertença. Sempre me quiseste mostrar como um troféu. O teu troféu, a maior das tuas condecoderações, o topo do pódio.
Eu deixei que me tatuasses o corpo e os olhares, as mãos dadas e as alianças nos dedos. Eu....apenas eu que nem asas me permitiste tatuar porque temias que a tinta tornasse audível o restolhar das minhas penas e voasse para longe de ti.
Tatuei-te a ti no meu corpo, os meus passos fundiram-se nos teus e apenas a tatuagem do teu nome me permitias ser visível.
Tu nunca foste a tatuada, nunca fizeste do teu corpo altares de mim. As tuas tatuagens sempre foram menos profundas no sentimento. Do meu nome tatuaste outro. As tuas tatuagens, aliás, as minhas tatuagens em ti sempre foram tão mais fáceis de apagar.

Walter

8 comentários:

Esquissos disse...

O texto demonstra muito bem as diferenças que existem entre duas pessoas que fazem parte (ou deviam fazer) da mesma relação. É triste quando só um se entrega e acima de tudo quando é essa mesma pessoa que sofre...

Abração

Draco

Amor amor disse...

Certas horas sinto raiva da minha mágoa, e tenho vontade de voltar os ponteiros do relógio pra trás, e fazer todas as tatuagens com henna, e apagar antes mesmo de poder sentir qualquer dor, só pra ser a primeira pessoa a apagar...
Mas, de nada adiantaria, e só me daria vontade de correr novamente os ponteiros pra frente, e aprender a qualquer custo como deixar minha pele mais lisa, e o corpo dele mais cheio de tatuagens...definitivas...

Walter, o que vc escreve é mesmo assim: uma tatuagem definitiva.

Beijos doces cristalizados!!! :o*

Amor amor disse...

Draco, andas lendo meus diários e divulgando meus pensamentos? Faço das tuas minhas palavras... :o)

Esquissos disse...

"...nem asas me permitiste tatuar porque temias que a tinta tornasse audível o restolhar das minhas penas e voasse para longe de ti."
Uma das passagens dos teus textos que quando volto a ler parece que é sempre pela primeira vez :)

Bj
Jane

Maria Laura disse...

Há sempre um que ama mais que outro. Ou quase sempre...
Belo texto!

farfalla disse...

as tatuagens que nem nos olha não vê :)... todos as temos... e ainda bem que sim

_baci_

Paulo disse...

Vinha "voar". Posso?
Paulo

Té Alexandra disse...

As marcas que tatuamos na pele são muitas vezes sentimentos e pessoas que nao queremos nunca esquecer...

Parabéns pelo texto, está tão bem sentido que sinto em mim as palavras que escreveste.