Acreditas viver num palácio abandonado... Um palácio onde as colossais janelas se encontram decoradas com pesados cortinados de um vermelho velho que não permitem a entrada do sol… Um palácio onde as salas permanecem vazias de vida, onde o pó se vai acumulando sobre os ornamentados móveis que decoram o teu palácio… Os salões permanecem na completa penumbra. Há muito que os bailes deixaram de existir. Agora apenas a tua presença silenciosa se passeia por ele, recordando momentos que não te pertencem, recordando bailes que nunca deste… alimentando-se das memórias que o habitam… À tua passagem os castiçais ganham vida, numa tentativa de iluminar o que um dia já brilhou, mas a sua luz é muito ténue e logo à tua passagem te devolve as sombras…
A porta do palácio que um dia já recebeu reis e rainhas, hoje apenas se abre à minha anunciada chegada… Recebes-me nas tuas pesadas vestes… Pegas-me pela mão e levas-me numa visita guiada pelo teu palácio… Contas-me histórias que dizes ter vivido mas que sei serem apenas memórias de outrens… Oculto-te que já conheço essas mesmas histórias pelo prazer de saber que é apenas a mim que pretendes desvendar as memórias do teu palácio… Percorremos os corredores infinitos em portas que ocultam histórias que me vais revelando aos poucos para garantires o meu regresso… No salão de baile concedes-me uma dança, ao som de uma música que só nós conseguimos ouvir e nesse momento o salão parece ganhar vida, os castiçais iluminam-se, as cores retornam ao seu tom original… É neste momento que deixas de lado todos os pactos que herdaste deste palácio, pactos que já ninguém te impõe, que tais como o palácio que habitas, se encontram abandonados e apenas na tua memória ainda regem… Conduzes-me à porta do teu palácio e beijas-me com a promessa do meu regresso… Com a minha ausência, retomas o teu arrastar silencioso pelo teu palácio e com ele de novo o peso dos pactos que parecem ser espelhados no peso das vestes que sustentas...
A porta do palácio que um dia já recebeu reis e rainhas, hoje apenas se abre à minha anunciada chegada… Recebes-me nas tuas pesadas vestes… Pegas-me pela mão e levas-me numa visita guiada pelo teu palácio… Contas-me histórias que dizes ter vivido mas que sei serem apenas memórias de outrens… Oculto-te que já conheço essas mesmas histórias pelo prazer de saber que é apenas a mim que pretendes desvendar as memórias do teu palácio… Percorremos os corredores infinitos em portas que ocultam histórias que me vais revelando aos poucos para garantires o meu regresso… No salão de baile concedes-me uma dança, ao som de uma música que só nós conseguimos ouvir e nesse momento o salão parece ganhar vida, os castiçais iluminam-se, as cores retornam ao seu tom original… É neste momento que deixas de lado todos os pactos que herdaste deste palácio, pactos que já ninguém te impõe, que tais como o palácio que habitas, se encontram abandonados e apenas na tua memória ainda regem… Conduzes-me à porta do teu palácio e beijas-me com a promessa do meu regresso… Com a minha ausência, retomas o teu arrastar silencioso pelo teu palácio e com ele de novo o peso dos pactos que parecem ser espelhados no peso das vestes que sustentas...
Jane
4 comentários:
Levei um susto: é parecido com um texto que escrevi uns anos atrás! Mas, tudo bem, ainda posso postar o meu porque há umas diferenças. Não vai ser plágio. :o)
Engraçado, há uns 4, 5 anos atrás, gostava muito de escrever assim, em prosa, mas ficava desanimada porque minhas amigas não entendiam muito. Aí, passei a escrever em poesia. Bom, algumas não entenderam, mas outras, sim. E também, agora tenho o blog, para que entendidos da alma poeta comentem. Agora, posso expor o que escrevia antes com a certeza de que você, por exemplo, entenderia muito bem!
A luz, a escuridão, o palácio, os corredores, o cenário é o mesmo! Que bom que pensamos parecido, pra mim é um privilégio!
Devo dizer que conheci uma pessoa assim, sem memórias, vivendo na escuridão, e achava que eu poderia ser a luz. Gostaria de continuar sendo a luz, mas como num texto que li aqui no "Voas", a escuridão dele era mais forte que minha luz, e ele escolheu continuar na escuridão....fazer o quê? Lutei, lutei, acendi todos os candelabros, mas ele me expulsou do palácio, e trancou a porta atrás de mim. Apagou todas as luzes, e fechou todas as janelas.
Ler "Palácio" me trouxe algumas lembranças....gosto de sentir isso quando leio. Significa que as palavras tiveram poder. E é poder que as tuas palavras têm de sobra!
Beijos doces cristalizados!!!
Ao ler "Palácio" fiquei com a sensação que conhecia muitos donos de palácios, há muito abandonados, palácios que sucumbiram perante a vida e que somente à chegada do "alguém" reavivam... no entanto, é por pouco tempo, depois, tudo volta ao ritmo habitual e rotineiro a que o palácio já se habituou!
Adorei... mesmo!
Acho que nós "esquissos", ganhamos nova vida com este tipo de textos... completamente diferentes uns dos outros, mas complementamo-nos... é um desafio escrever e escrever sempre mais… até porque já temos leitores assíduos e exigentes aqui do "Voas"!
Gaja...não pares de escrever e nunca deixes que a vida se torne um palácio que apenas abre portas para uma pessoa, que nem sabemos se valerá a pena tal esforço...
Beijinhos
Pumpkin
Menina, acho que tens que começar a acreditar mais nas tuas capacidades literárias. Escreves muito bem e este texto é apenas mais um exemplo disso. Pumpkin... é verdade que somos tão diferentes, mas que nos complementamos com aquilo que nos torna únicos. Tenho um orgulho imenso em dizer que tu, a Jane e o Walter são umas pessoas fantásticas e que cada um à sua maneira me tem marcado..
Beijo
Draco
Sinceramente, depois da "boneca de porcelana" que era o meu preferido eu julgava que dificilmente a minha preferencia seria batida, porém este teu texto deixou-me rendido às palavras e aos que me permitiste imaginar. Ás vezes, ponho-me a pensar se não crio os meus próprios palácios!
Um beijo grande (tás lá e a resina vem de onde?? heheh)
Walter
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