Baralhaste as cartas e distribuíste-as por todos os jogadores. Os pares eram óbvios e cedo assumi que jogávamos juntos, pelo que tomei o meu lugar à tua frente.
Entre jogadas enchias os copos com o teu melhor vinho e relembravas os sinais que partilhávamos e que eu julgava secretos. Pequenas subtilezas como o roçar da tua perna na minha a pedir copas, o humedecer dos lábios a pedir paus, o pousar da tua mão sobre a mesa a pedir espadas e o sorver de um cigarro a pedir ouros. Nunca percebi muito bem porque escasseavam os trunfos na minha mão sempre que davas cartas. Estranho acaso esse que derivava das tuas mãos e que ocorria por mais vezes que eu baralhasse e partisse as cartas. E tu sempre te mostraste tão surpreendida.
Enchias o meu copo e entre cigarros e vazas perdidas foste subindo a aposta. Tu dizias-me que tínhamos que arriscar mais e, por isso, decidiste apostar o que ainda nos pertencia. O encontro dos nossos corpos e os momentos a dois. Vaza por vaza fui assistindo ao teu desperdício de pontos. Vaza a vaza os teus sinais foram dando lugar a uma ausência subtil e a uma derrota anunciada e por tua iniciativa e tu sorrias.
Nas últimas jogadas e quando todas as cartas estavam na mesa só então percebi que há muito tempo que jogavas contra mim.
Entre jogadas enchias os copos com o teu melhor vinho e relembravas os sinais que partilhávamos e que eu julgava secretos. Pequenas subtilezas como o roçar da tua perna na minha a pedir copas, o humedecer dos lábios a pedir paus, o pousar da tua mão sobre a mesa a pedir espadas e o sorver de um cigarro a pedir ouros. Nunca percebi muito bem porque escasseavam os trunfos na minha mão sempre que davas cartas. Estranho acaso esse que derivava das tuas mãos e que ocorria por mais vezes que eu baralhasse e partisse as cartas. E tu sempre te mostraste tão surpreendida.
Enchias o meu copo e entre cigarros e vazas perdidas foste subindo a aposta. Tu dizias-me que tínhamos que arriscar mais e, por isso, decidiste apostar o que ainda nos pertencia. O encontro dos nossos corpos e os momentos a dois. Vaza por vaza fui assistindo ao teu desperdício de pontos. Vaza a vaza os teus sinais foram dando lugar a uma ausência subtil e a uma derrota anunciada e por tua iniciativa e tu sorrias.
Nas últimas jogadas e quando todas as cartas estavam na mesa só então percebi que há muito tempo que jogavas contra mim.
Walter
7 comentários:
PERFEITO.. no que diz respeito à metáfora, nem vale a pena comentar, sabes o que penso.
Movimentos tão subtis contra nós que tendemos a ignorar ou interpretar de uma forma diferente... Sei bem o que isso é!
Miúdo... continua assim, mesmo!
Abração
Draco
Se alguém te perguntar o quiseste dizer com um poema, pergunta-lhe o que Deus quis dizer com este mundo...
Mário Quintana
Acho que já fui vítima de um excelente jogador de cartas. Vou comentar com sotaque português: "Estás a arrepiar-me com tuas palavras, pah!"
E em carioquês: Cara, você não tem noção da sensação que eu sinto com essas palavras!
Eu sou daquelas que acreditam que sofrer por amor enriquece o viver, e também o escrever. Aprecio demais quem sabe escrever sobre seus próprios sentimentos dessa forma tão linda como vc faz...lindo demais, Walter! ;o)
Draco caro amigo... a metáfora é algo que nos toca aos quatro!:) e de que maneira...hehehe!
Sónia obrigado pela visita e a tua citação é de facto pródiga em reflexão!
Carol é sempre bastante agradável que me julgues merecedor de tais elogios!Obrigado mesmo...e o teu português tá mt bom!:)
Walter
Adorei o texto... e tudo o que ele me faz lembrar, como já referiste como a metáfora nos toca aos quatro! :)
Mas discordo nuns pontos, porque tu és um sinaleiro :) private joke :P
Bjinhos
Jane
Jane podes dizer o que quiseres, mas com ou sem sinais a ala masculina encontra-se como uma vantagem de cinco jogos...acho que só estamos empatados em minis (sem camisolas de alças)!heheheh
Belíssimo paralelismo!!
Beijinho
Enviar um comentário