segunda-feira, 12 de maio de 2008

Armadilha...

À minha entrada desembainhaste as espadas e ergueste-as para mim. A minha recepção já estava prevista e antecipada. Planeaste a minha chegada e foste preparando todos os cantos e armadilhando todos os meus passos. Foste-me seduzindo até ti com a doce ilusão que me queiras, que me protegias, de que me defenderias… mesmo de mim própria. Tudo ilusão.
À minha chegada não quis ler os sinais. Recusei-me e ver o que me rodeava. Não dei importância ao silêncio que impuseste à minha aproximação. Não quis ver a ausência que me cercava e fui avançando, abrindo porta por porta até ti. Com passos decididos, segura de mim, ignorando as armadilhas que a cada porta aberta me impediam de voltar atrás! Empurrei a última porta que nos separava e com ela as últimas barreiras que impus para tu chegares a mim… anunciando a minha entrega plena. O meu olhar encontra o teu. No teu olhar espelha-se a dor, o sofrimento de um calculismo que fere, com uma mistura de ironia e de prazer do teu triunfo aquando da minha chegada até ti. Nele também consigo ver o brilho das lágrimas, como o reflexo das tuas espadas, que pretendes conter. Permanecemos imóveis, com as espadas entre nós. Pergunto-me onde desferirás os primeiros golpes…e dou por mim a pensar que ainda as lâminas das tuas espadas não me tocaram e já sinto o impacto do mais profundo e mortal dos golpes… em ti!
Jane