sábado, 14 de junho de 2008

Memórias Inventadas...


Sentada no banco do jardim inventava memórias de momentos a dois, recriando-as em todas as palavras, juntando-lhe aromas e sonoridades. E se hoje são de café e do bater das chuvas nas vidraças, amanhã jurará a pés juntos que são certamente de orquídeas e de violinos.
Recorda todos os lugares que não visitou, recorda o por-de-sol em Viena que, segundo ela, se assemelha tanto ao que vê da sua janela. Assegura que os jardins de Paris são eternos e que os candeeiros nas ruas se acendem e apagam consoante a sua vontade. Diz ela a quem passa que ainda reconhece o som dos passos dele na calçada, um a um como se de uma sonata de encontros se tratasse.
Sentada no banco do jardim ela recorda-se dele, de todos os seus rostos e do modo como ele a embriagava em promessas futuras. Recorda o tempos dos afectos que apenas existem encerrados em si enquanto este dia durar, porque as suas memórias são apenas fugazes. Sentada no banco de jardim inventa memórias e ninguém a quer ouvir. Ninguém quer ouvir a insana e pactuar com a sua loucura. Sentada nesse mesmo banco de jardim inventa memórias de tempos idos, inventa sentimentos correspondidos e é feliz.

Walter