No dia em que subiste as escadas e abriste a porta do sótão deparaste com a privacidade do silêncio e dos segredos. No dia em que subiste as escadas contra a minha vontade, deixaste a porta aberta de par em par e permitiste que os teus olhos se habituassem à escuridão e o teu corpo ao cheiro de humidade e de vidas passadas.
Nesse lugar que conheceste contra a minha vontade, violaste o baú antigo onde guardei os brinquedos estragados, as fotos onde nos retratámos a preto e branco e os momentos que nos pertenceram. Nesse lugar sentaste-te na velha poltrona de veludo vermelho ou que outrora fora vermelho e à média luz passaste os teus dedos pelas molduras e pelos pedaços de cristal do pingente que te ofereci e que fizeste questão de o partir na minha frente, num gesto de provocação declarada. Já de pé remexeste nas gavetas onde, um dia, marcaste a tua presença com o teu cheiro e presença e deixaste-as viradas no avesso das palavras e dos lugares onde os nossos corpos se tocaram.
No dia em que subiste as escadas, dobraram os sinos em agonias de bronze, acendeste velas para queimar o que sobrou de mim em ti e nesse teu auto-de-fé, revolveste o que sobrou do único espaço que não te concedi e, antes de sair, deixaste a tua boneca preferida sentada na poltrona bem de frente para a porta, para me recordar que aquele espaço nunca deixaria de ser teu.
Nesse lugar que conheceste contra a minha vontade, violaste o baú antigo onde guardei os brinquedos estragados, as fotos onde nos retratámos a preto e branco e os momentos que nos pertenceram. Nesse lugar sentaste-te na velha poltrona de veludo vermelho ou que outrora fora vermelho e à média luz passaste os teus dedos pelas molduras e pelos pedaços de cristal do pingente que te ofereci e que fizeste questão de o partir na minha frente, num gesto de provocação declarada. Já de pé remexeste nas gavetas onde, um dia, marcaste a tua presença com o teu cheiro e presença e deixaste-as viradas no avesso das palavras e dos lugares onde os nossos corpos se tocaram.
No dia em que subiste as escadas, dobraram os sinos em agonias de bronze, acendeste velas para queimar o que sobrou de mim em ti e nesse teu auto-de-fé, revolveste o que sobrou do único espaço que não te concedi e, antes de sair, deixaste a tua boneca preferida sentada na poltrona bem de frente para a porta, para me recordar que aquele espaço nunca deixaria de ser teu.
Walter
3 comentários:
Ao contrário do que referes no texto, nós deixamos que entres no nosso sotão, sem necessitar de pedir permissão...também tu nos deixaste entrar no teu. Aos poucos foste abrindo a porta, deixando cada um de nós fazer parte de ti, inclusivamente permitiste que cada um depositasse, no teu sótão, uma parte de nós, as quais guardas como se fossem tuas!
O nosso sótão é um livro aberto, no qual lês e escreves. Mais...tens o dom de ler nas nossas entrelinhas, o que só demonstra a grande cumplicidade e amizade que nos une.
Sentimo-nos uns priviligiados por te termos do nosso lado... O nosso sótão espera ser vasculhado por ti, em breve!Obrigado por nos permitires voar contigo!
Mais uma vez consegues surpreender-nos com a tua escrita.
Pumpkin, Draco e Jane
Ih, não me dê idéias: estou começando a sentir vontade de pegar minha boneca preferida e deixar no sótão de certa pessoa que mora aqui perto da minha casa. Eu me identifiquei bastante com a segunda pessoa desse texto, que aliás, é lindo demais!!!
Pétalas cristalizadas!!!
É sempre um prazer ler-te. E agora econtrei outro local onde o fazer, óptimo! Continuarei a vir aqui :)
ah, adicionei este blog aos meus links :)
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