quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Nunca...


Percorro-me por dentro e desfaço-me da tua presença em mim. Esgrimimos razões num duelo face a face...tu a defender a tua permanência e eu a tua despedida. Desenho novamente as fronteiras do mapa do meu corpo e retiro todos os lugares que te pertenciam. Prometo a mim mesmo que não te concederei um palmo que seja.
Esquivo-me à caça furtiva dos teus lábios que se alimentam do que te pertence em mim e disfarço-me no silêncio das ruas que um dia tiveram o teu nome. Persigo os teus passos e apago-os como se fossem pegadas desordenadas à beira do mar.
Percorro-me por dentro e esventro os momentos que assinámos no corpo um do outro. Percorro-me nas arcadas do teu olhar que se dilui no meu sangue e rasgo-te da minha vida. Faço autos-de-fé à tua passagem por mim e corto as amarras que nos prendem. Não mais o teu perfume no meu corpo. Não mais o teu olhar no meu. Nunca mais.

Walter

4 comentários:

Esquissos disse...

Mais um texto dos teus... intensos! é incrível como a tua escrita continua a surpreender! Continua assim,

Abração

Draco

Sine disse...

gostei mto do texto ...
obrigada pela visita e volta sempre ;)
sine

Esquissos disse...

Comentar os posts do Mestre :) recorrendo às palavras que bem melhor sabes utilizar... faz-me comentar em silêncio por hoje ;)
bjs
Jane

Amor amor disse...

Walter, vc escreveu tão bem, que cheguei a entender o nunca que ouvi uma vez. E acreditei que é nunca só agora...
A poesia me acertou em cheio por causa do título: "...nunca mais teus olhos nos meus..."! Isso é maravilhoso, vc escreve com sangue, será por isso os tons de vermelho?

Beijos doces cristalizados!!!