Aprisionas-me no teu corpo e nas horas tão desiguais que por nós passam para que não possa fugir. Eu que um dia te escorri entre os dedos hoje vejo-me enclausurado na tua clepsidra dourada que vais virando ao sabor da tua vontade. Prendes-me para que te pertença.
Adormeces os meus sentidos, escutas as minhas conversas, espias os meus passos, vendas o meu olhar e fazes promessas vãs de libertação. Inundas-me com a permanência da tua presença mesmo que dissimulada com breves interlúdios de sossego. Ainda não sabes, mas tenho escondido as minhas asas sempre que te aproximas, sempre que me envenenas com o teu olhar pérfido. Escondo-as de ti para que não arranques cada uma das penas com o sentimento de posse que tens sobre mim. Fiz de cada ferida que me provocaste e de cada aproximação tua uma pena e disfarcei-as de sorrisos.
Um dia quando te despir outra vez, vou adormecer-te na corrosão das palavras doces que queres ouvir e roubar-te as chaves deste cadeado com que me presenteaste e vou seguir na nudez da tua presença
sexta-feira, 21 de dezembro de 2007
Aprisionado...
Walter
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3 comentários:
O texto está perfeito... O truque é não desistir à primeira derrota e seguir em frente! O dia em que conseguiremos vai acabar por chegar e é com muito orgulho que deixaremos uma pena para o simbolizar.. Já o deixei algumas vezes, e sabes disso..
Abração
Draco
Acho que perfeito é um exagero monumental...mas se gostas tanto melhor, afinal o outsider deste blog sou eu!:)
"Um dia quando te despir outra vez...", não terá já esse dia começado? Há muito que as tuas asas começaram a ser formadas para poderes voar livremente uma outra vez... Não estará esse dia mais próximo quando o único final (que gosto particularmente) é a tua vitória? ;)
bjs
Jane
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